sábado, 11 de fevereiro de 2012

Meu mistério



Nunca tive paciência pra ir até o final de nada. Nunca consegui acompanhar séries, programas, filmes com muitas continuações. Saio assim, no meio, deixando as coisas pela metade. Acho que vem daí minha dificuldade de terminar relacionamentos. Vou embora sem dizer adeus, deixo pedaços de mim, depois me refaço. Sou inteira e feita de histórias incompletas. Esse é meu grande desafio, meu mistério. Me manter por muito tempo na mesma coisa. Alguns caras aceitam minha partida, outros me deixam ir e depois querem tentar de novo. Não recomeço o mesmo jogo, deixo avisado. Agora, cadê o homem que consegue me prender? Olha,eu até me encaixo nas suas leis, a gente pode ir com calma ou depressa, com carinho ou mais frio, com exposição ou discreto. Essa é minha parte. Depende de você conservar o frio na barriga, o pensamento monopolizado, a vontade de continuar sendo nós. Faça o que fizer, não me deixa enjoar! Eu enjôo de biscoito recheado, de Nescau, de bolinho, mas de uma pessoa, de uma história... Não me deixa sentir isso, não mais. Me prende no seu jogo, nos seus braços, na sua vida. Me prende de uma forma que, quando você me soltar, eu ainda esteja presa. Vou ficar aqui, entediada e tentando ser desvendada por meninos, enquanto espero você, um homem. O homem.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Tô indo pra outras esquinas

 
 
Sabe, eu acho que quando você começa a ter argumentos imediatos pra destruir toda e qualquer desculpinha do garoto que você supostamente ama, parabéns, vejo o fim se aproximando. Eu, que espero mais pelo fim definitivo do que por qualquer outra coisa nesse mundo, posso finalmente dizer que não me sinto mais presa ou de olhos vendados. Enxergo as coisas claramente e quase nada me agrada. Migalhas não matam mais minha fome. Tô parada numa esquina fria e não sei o porquê. Já consigo andar, questionar, negar. Consigo dizer tantas coisas que ficavam só escritas por tanto tempo e, quem diria, sorrir. Sorrir pra outros caras, pra mim. Agora a melhor parte: Tô conseguindo não sorrir também. Quando vejo suas fotos, quando você dá sinal de vida. Sendo assim, tô indo pra outras esquinas, me perder, me encontrar. Te esquecer de vez e lembrar de mim. Olho pra você e penso em mil coisas que a gente poderia ter sido. Mas não penso mais em nada que a gente possa ser além de amigos, não vejo futuro, nenhuma expectativa. Você, enfim, no passado. Fiz de tudo e não deu em nada, por isso, não tem mais o que se fazer. Só ir embora. Já adiei minha hora, agora é pra valer. Você que sempre gostou de ganhar, jogar e me ensinou tanta coisa, agora vai aprender a perder.

hipocrisia não é malandragem

 
 
Pena dessa gente que precisa viver levantando a bandeira da liberdade e ridicularizando o amor pra ser feliz. Pena de quem diz que não quer se prender porque é foda demais e tem muito o que viver, mas no fundo só morre de medo se não segurar a barra que é manter um relacionamento. Desculpa, mas eu tenho vontade de rir dessas pessoas que se acham tão auto-suficientes, mas não suportam a própria companhia sem encher a cara de vodka ou sem passar um tempo com essas biscates por aí, que falam o que você quiser ouvir em troca de sacanagem. Mas tudo bem, vocês só precisam ouvir alguém alimentando essa coisa ridícula disfarçada de vontade de viver, aí vocês acreditam ou fingem acreditar e dão continuidade às suas vidas vazias, sempre gritando que querem sempre ser solteiros e todos esses clichês. Hipocrisia me enjoa. Malandro não grita que é malandro, isso é coisa de otário. De verdade, eu só desejo que um dia o amor dê um tapa na cara de vocês. Porque o amor, meu bem, ele chega e não pede permissão pra entrar. Ele não quer saber das suas ideologias, das suas farsas ou verdades. Ele chega bagunçando tudo e você não pode fazer nada, só assistir. Meu desejo acaba aqui. Só que aí tem a participação da vida, e a vida, meu amigo, não deixa por menos não. Talvez a pessoa que você ame, faça parte do movimento revolucionário dos super-humanos que se bastam e fogem de compromisso. E deixa eu ir te avisando, o amor, ele nem sempre chega pros dois lados. Quero ver onde vai parar toda essa malandragem! Esperto mesmo é quem não cospe pro alto. Um dia vocês vão aprender, mas isso eu deixo na conta da vida.

Eu por mim, mais ninguém

 
 E pra não receber a mesma resposta pela milésima vez, nem ter que pensar num jeito novo e ridículo de fazer a mesma pergunta esperando ouvir uma resposta diferente, parei de perguntar. Porque é muito patético eu ficar tentando me enganar e porque agora eu sei ficar calada também. Porque eu aposentei meu nariz de palhaça e só faço questão de quem faz questão de mim. Desocupei minha estante de prioridades pra caber infinitamente eu, sem me diminuir por falta de espaço. Por mais que me enlouqueça não ter o controle ou uma explicação pras coisas, eu aceito esperar, confio no destino e suas conspirações. Acredito numa força maior, que faz tudo acontecer no seu tempo. Sempre fui ansiosa demais pra esperar qualquer tempo que não fosse o meu, mas a gente tem que aprender. E a magia da vida é isso, não é? Ir espalhando pedaços da gente por aí mesmo, ir marcando e sendo marcada. Se renovar sempre que der, acreditar que nunca vai conseguir esquecer e amanhã deixar entrar novos amores, novas pessoas, histórias melhores. Aprender tanto e continuar não sabendo nada. Viver tudo como se fosse a primeira vez, porque de fato é a primeira vez. Ir procurando algum conforto em outras pessoas e, no fim, perceber que é sempre você por você, mais ninguém. Se trair e se perdoar, quantas vezes por preciso. Porque se quem a gente mais ama é quem a gente mais perdoa, sou o meu maior amor, sem dúvidas. Que bom. Quando tudo passa, me resta eu. Um pouco mudada, um pouco mais triste ou mais feliz, mais doce ou mais amarga. Mas sempre eu, sempre por mim e me basto.

Eu não devolvo.

 
 
 
 
E lá vem ele de novo. Pedir para eu decretar fim a essa saudade que de tão convicta, se tornou duas. Uma minha, uma dele. Vem pedir para que eu devolva as noites tão juntas quanto os dentes sorrindo pra mim. Vem pedir para que eu fique, pelo menos mais um pouco e de pouco em pouco ficando pra sempre. Pede para que eu me lembre, o que me pediu grosseiramente para esquecer. Quer que eu devolva as palavras jogadas, não quer? Quer que eu devolva o primeiro beijo, devolva a primeira vez, devolva a primeira briga e a primeira volta. Com o mesmo jeitinho que me teve uma vez, quer que eu me devolva.
Quer que eu devolva o que jogou, por burrice, no chão. É tarde! Levei tudo na viagem. TU-DO! E hoje ele quer de volta. Engraçado é que ele estava presente, me viu fechando a mala. Me viu fechando o coração e do contrário: Não me pediu pra ficar.
 
 
 
Clara mentes.